Eu me apaixono a todo instante, mas raramente por outras pessoas. E você vai entender exatamente o que eu quero dizer.
Uma vez eu li a frase “Diz que não acredita no amor pra ver se o amor acredita nela.”
Acho curioso quem diz “não acreditar no amor”. É tanta fixação pelo amor romântico, como se ele fosse a única forma de sentir a vida pulsando amor. E essa obsessão parece simplesmente cegar as pessoas pra todas as outras TANTAS formas de se experimentar o amar.
Mas não seria esse o caminho oposto do amor? Ele não deveria expandir o seu olhar pro mundo, ao invés de minar as suas referências e perspectivas?
Por isso é inevitável que, no mesmo instante em que eu ouço uma pessoa dizer que desistiu do amor, eu já a visualize envolta por camadas e camadas de medos, decepções e bloqueios. Talvez ela construiu todo esse cenário sozinha, talvez a arrastaram até esse ponto. Ela pode ter sentido algo direto na pele ou até observado a dor de alguém bem de perto.
O fato é que eu não faço ideia de como ela veio parar ali, a ponto de ser capaz de ignorar todos os fragmentos de amor que existem num só dia. A ponto de apenas não se encantar mais.
Como você pode ter desistido do amor, se ele está bem aí com você diariamente? Ao seu redor, em toda parte. Porque é isso que o mundo faz. Ele pulsa, vibra e emana amor em cada cantinho que você se dispor a observar.
Há músicas que te renascem, poesias que te abraçam e construções que te maravilham. Águas correntes que te purificam, céus que te tiram o fôlego e um sol que te aquece lentamente. Há risadas que ressoam, perfumes que te transportam no tempo e momentos que ficam tatuados na sua mente pra sempre.
O amor romântico é somente uma das bases de todo esse sentir. Uma em meio a tantas e tão importantes quanto. Portanto, traumas no romance não deveriam te afastar do amor, pois isso só te afasta do viver.
Quando uma pessoa te decepciona, o culpado não é o amor.
Então não é por alguém que você deveria se preocupar em se apaixonar ou não.
É pela vida.
Que passa.
Fernanda Rocha