Eu sempre fiz questão de poucos, essa é a verdade. Apesar de amar conhecer gente nova, eu sou daquelas pessoas que cultivam poucas amizades pelo caminho. Nunca fui popular e sequer penso que um dia serei. Eu sempre mantive perto de mim apenas aqueles amigos que sei que posso contar verdadeiramente. E eu me sinto muito bem assim.
Porém, como as relações sociais com pessoas desconhecidas são um dos objetivos/obstáculos de uma viagem de intercâmbio, eu sempre ficava muito ansiosa ao imaginar como eu lidaria com essa etapa da minha vida. Sempre criando cenas e cenários, eu via as minhas expectativas me levando às mais diversas situações.
“Como eu faria amigos estando completamente sozinha em um país do outro lado do planeta? E se eu não me conectar de verdade com ninguém? E se as pessoas não gostarem de mim? E se eu não conseguir me encaixar no estilo de vida, no país, nos rolês?”
Deu pra perceber que eu sou ansiosa? Pois é…
Porém, era um medinho bom. Eu sabia que daria certo, mesmo sem saber como aconteceria. Primeiro, porque eu estava totalmente aberta para viver aquela fase de verdade. Segundo, porque se tudo desse errado, eu sempre poderia curtir a minha própria companhia. Às vezes é preciso se lembrar disso.
Mas então o Universo me surpreendeu mais uma vez. Nessa viagem eu fiz amizades lindas, conexões que até hoje eu nem sei como explicar. O meu amor cruzou sotaques, fronteiras, culturas, idiomas. Eu me vi cercada por (novos!) amigos de verdade que fizeram do meu período na Austrália a melhor experiência da minha vida!
Já sabemos que tudo em um intercâmbio é mais intenso, e o tempo é algo que parece surtir efeito de modo diferente também. Nós aprendemos na pele que tempo não é o que define intimidade, confiança e conexão. A força das trocas humanas depende muito mais das situações vividas e do quanto nos abrimos e nos entregamos às nossas relações.
E eu passei por diversas fases nesse trajeto. Tive por um momento o meu pequeno squad particular, das amigas que viajaram, riram, dançaram e beberam com a mesma intensidade em que trocaram as dores, os planos e as frustações. Vivi também um outro momento em que eu tive amigos exclusivamente homens – meus verdadeiros irmãos -, quando eu pude aprender bastante, desconstruir vários pré-conceitos e rir de muitos absurdos.
Percorrendo o meu caminho, eu me enxerguei vivendo situações que nunca fui capaz de criar naqueles meus cenários imaginários de antes. A realidade foi muito melhor. Infinitamente melhor.
Hoje eu levo todos comigo na memória e principalmente no coração. Nós enfrentamos nossas dificuldades juntos, celebramos, sofremos, enchemos a cara. Compartilhamos nossas dores e sorrisos, curtimos a vida e tornamos os nossos dias mais leves e especiais.
São inúmeros registros e recordações, que sempre vão me levar de volta à nostalgia daquelas curvas da vida que me dão um frio na barriga delicioso. Essas pessoas que cruzaram o meu caminho agora são parte da minha história. Hoje são todos já parte de mim e pra sempre serei grata por tamanha participação na escrita desse capítulo.